segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Os ombros que suportão o mundo

Chega um tempo em que ñ se diz mais: meu Deus.Tempo de absoluta depuração.Tempo em que não se diz mais: meu amor.Porque o amor resultou inútil.E os olhos não choram.E as mãos tecem apenas o rude trabalho.Eo coração está seco.Em vão mulheres batem á porta, não abrirás.Ficaste sozinho, a luz apagou-se,mas na sombra teus olhos respladecem enormes.És todo certeza, já não sabes sofrer.E nada esperas de teus amigos.Pouco importa venha velhice, que é a velhice?Teus ombros suportam o mundoe ele não pesa mais que a mão de uma criança.As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifíciosprovam apenas que a vida prosseguee nem todos se libertaram ainda.Carlos Drummond de Andrade
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